O silêncio dentro daquela enorme escuridão, nada se via, nada se sentia a não ser o balançar do meu corpo que girava em torno daquela enorme bolha, por baixo de meus pés o continuo bater de algo indistinto para mim, meus olhos nada enxergavam e nada viam, e entre bater algo contorcia constantemente e foi acelerando em um momento e forças foram começando me puxar para baixo, senti a cabeça escorregar levemente.
Ouvia vozes indistintas, aquela pressão iniciou novamente e novamente minha cabeça foi uma vez mais para baixo e senti algo a segura-la, quis abrir a boca e nada, apenas o silencio dela provinha, mas as vozes eram mais audíveis e eram berros, meus tímpanos quase explodiam com aquele primeiro som e entre outras que não percebia. Novamente a pressão desta vez em minhas pernas e o segurar firme em meus ombros e desta vez em vez do som que fazia doer meus tímpanos foi diferente e deixei de ouvir seja o que for, foi quando algo bateu em minhas nádegas fazendo o som preso em minha garganta se desfazer como se de um laço se tratar e berrei em plenos pulmões e novamente o som das vozes mas desta vez de forma diferente.
Chorava não apenas pela dor que sentia em minha nádega mas igualmente por nada perceber e aqueles sons serem insuportáveis os meus ouvidos e pela escuridão.
Foi então que sem aviso aquele bater que durante o meu tempo na bolha voltou, uma calma desconhecida tomava conta de mim, meu respirar acalmou e meu som interior cessou, ficando apenas aquele calor que me acalmava me sentindo amado. Meu primeiro dia havia começado.